domingo, 6 de abril de 2014

Escondido entre os galhos

Refugiava-se de um ensolarado domingo veranil. Um orelhão coberto por galhos ouvia aquela tarde tranquila e sem movimento. Sempre passo por aquela rua, mas nunca havia reparado naquele orelhão, e pela quantidade de galhos que o abraçava, já devia estar a li á um bom tempo. Aquele com certeza teria sido o orelhão mais bonito que já vi. Os galhos daquela planta entrelaçam-se pelo o corpo do orelhão, como uma roupa que o protege, ou uma casa que o da abrigo. A cabine deste orelhão está toda pichada, mas é difícil de reparar no meio daqueles galhos. Imagino que já deve ter ouvidos tantas conversas, tantas brigas, tantos telefonemas por engano, mas agora não deve ouvir mais nada, pois poucas pessoas usam orelhões para se comunicar hoje em dia. Antes via filas para utilizar orelhões, mas agora ninguém mais usa, as vezes eu até esqueço que eles existem, passo apressada sem reparar, mas quando vejo vários estão quebrados. Resolvi testar se este estava. Ligo á cobrar para casa dos meus avós: - Alo. Diz a minha avó - Oi Vovó, aqui é a Yara! - Você não está passeando com o Bob? - Sim vovó, é que sabe aquele orelhão cheio de plantas na rua da sua casa? Eu resolvi testar se ele estava funcionando! - Ai que horror, depois pula um bicho em você, com aquele monte de planta é bem possível.   - Ta bom vó. Beijo, to indo pra aí.
-Beijo.  
Naquele momento em que minha avó disse do bicho pular em mim me desanimei um pouco, mas tudo bem. Antes de ir embora, tirei uma foto do orelhão e me despedi dele.

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