quinta-feira, 24 de abril de 2014

Garotinhas



       Era época de carnaval, 2012. Duas meninas aproveitaram aquela manhã ensolarada para cavalgar. Elas montaram nos cavalos e começaram a jornada. O homem que as guiava começou a contar histórias verídicas, entre uma delas ele falou sobre uma onça que rodeava a cidade (Rio Preto) e que assustava os cavalos da região. As duas meninas ficaram trêmulas e paralisadas, começaram a suar frio.
       Depois que voltaram ao celeiro para devolver os cavalos o medo passou. Era pôr-do-sol e elas decidiram caminhar pelo condomínio em que moravam, conversa aqui, conversa lá e só depois de algumas horas elas repararam que já havia escurecido. Anoiteceu. Não haviam postes de luz. O celulares não tinham lanterna. O que clareava aquelas ruas escuras era linda e grande lua. E agora? Elas estavam longe de suas casas, seus pais não atendiam o celulares, elas não enxergavam nada. O que elas mais tinham medo era de a onça aparecer no escuro e ninguém nunca mais saber delas.
      Elas encararam o medo e voltaram a andar, passaram por uma casa e ouviram uma voz:
    - "Nana neném, que a Cuca vem pegar, papai foi pra roça e mamãe foi trabalhar".
     Elas pensaram: Se o papai foi pra roça e a mamãe foi trabalhar, quem estava cantando a música?
     As meninas começaram a correr. De longe elas viram uma luz vindo na direção delas, um carro. Era o pai de uma delas que as levou para casa, as tranquilizou mas elas nunca mais pensaram em andar de noite e sozinhas por aquele lugar.

Ih, cade?



   Era segunda-feira e eu fui a uma festa de aniversário. Estávamos no buffet. Como o de sempre uma muvuca de crianças descalças com o pé preto igual carvão.
   Sentei-me em uma mesa e comecei a conversar. Chegam duas garotinhas e eu falo:
- Oi, tudo bem?
Uma das meninas envergonhada diz: 
- Tudo né Laura... [ Lara é a menina que está ao lado]
- Sabe o que aconteceu?
Lara interrompe na hora
- Nada não, é que essa aqui é meio linguaruda sabe... E saíram correndo na direção do pula-pula.
   Passa a festa e chega a hora do parabéns.
   Na hora de soprar as velinhas, cade o bolo? Todos começam a procurar, e de repente a mãe no aniversariante escorrega e cai de cara no chão. Aí é que percebem que o bolo estava embaixo da mesa, todo destruído pelas duas garotinhas, que logo em seguida saem de baixo da mesa.
   Já da pra adivinhar o que aconteceu, né?

domingo, 6 de abril de 2014

Escondido entre os galhos

Refugiava-se de um ensolarado domingo veranil. Um orelhão coberto por galhos ouvia aquela tarde tranquila e sem movimento. Sempre passo por aquela rua, mas nunca havia reparado naquele orelhão, e pela quantidade de galhos que o abraçava, já devia estar a li á um bom tempo. Aquele com certeza teria sido o orelhão mais bonito que já vi. Os galhos daquela planta entrelaçam-se pelo o corpo do orelhão, como uma roupa que o protege, ou uma casa que o da abrigo. A cabine deste orelhão está toda pichada, mas é difícil de reparar no meio daqueles galhos. Imagino que já deve ter ouvidos tantas conversas, tantas brigas, tantos telefonemas por engano, mas agora não deve ouvir mais nada, pois poucas pessoas usam orelhões para se comunicar hoje em dia. Antes via filas para utilizar orelhões, mas agora ninguém mais usa, as vezes eu até esqueço que eles existem, passo apressada sem reparar, mas quando vejo vários estão quebrados. Resolvi testar se este estava. Ligo á cobrar para casa dos meus avós: - Alo. Diz a minha avó - Oi Vovó, aqui é a Yara! - Você não está passeando com o Bob? - Sim vovó, é que sabe aquele orelhão cheio de plantas na rua da sua casa? Eu resolvi testar se ele estava funcionando! - Ai que horror, depois pula um bicho em você, com aquele monte de planta é bem possível.   - Ta bom vó. Beijo, to indo pra aí.
-Beijo.  
Naquele momento em que minha avó disse do bicho pular em mim me desanimei um pouco, mas tudo bem. Antes de ir embora, tirei uma foto do orelhão e me despedi dele.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tipo

Você já reparou na quantidade de vezes que falamos a palavra "tipo"? É, falamos muitas vezes. Varias vezes que usamos, não precisa do "tipo" para construir a frase, mas quando falamos nem percebemos que estamos dizendo tantas vezes essa palavra, mas quando escutamos chega até a irritar de ouvir tantas vezes "tipo". Um dia fui eu e mais duas amigas na casa de outra amiga. Nós percebemos que a cada uma frase que nós falávamos pelo menos três vezes era a palavra "tipo", até que uma de nós teve uma ideia que era: A cada cinco "tipos" que nós falacemos, teríamos que jogar cinco centavos na rua e continuaríamos com isso até que perdêssemos esse costume. E quem falasse menos vezes receberia 10 reais da mãe de uma das amigas porque ela gostou da nossa brincadeira. Eu percebi que enquanto eu falava eu estava prestes a falar "tipo", então lembrava que não podia falar está palavra, assim eu travava ela na minha garganta. No dia seguinte nós cansamos de não poder falar "tipo" e de ficar anotando no papel quando uma de nós falava. Nós paramos de anotar no papel e voltamos a falar essa palavra. No carro, indo para escola a mãe da minha amiga disse perguntou super animada quem tinha falado menos vezes "tipo" e nós falamos que tínhamos parado de brincar, mas que enquanto estávamos brincando quem falou menos "tipo" foi a Bia! Apesar de ter parado com a brincadeira, gostaria de perder esse hábito de falar tipo tantas vezes.